Entrevista com Divonilde Pereira: pesquisadora sobre o uso educacional de blogs no ensino/aprendizagem de inglês

Escrito por Carina Fragozo

A entrevista do mês de maio é com a professora Divonilde Pereira, Licenciada em Letras Português e Inglês pela Universidade Guarulhos (UnG) e professora de Língua Inglesa na rede pública do município de Guarapari/ES. Eu e a Divonilde não nos conhecemos pessoalmente, mas temos nos comunicado com frequência desde que ela solicitou minha participação na sua monografia de especialização em Mídias na Educação pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo – NCE/USP em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. A monografia consiste na análise de três blogs com foco no ensino / aprendizagem de inglês _ entre eles, o English in Brazil. Nesta entrevista, Divonilde fala sobre sua pesquisa e sobre o uso de tecnologias nas aulas de língua estrangeira. 

EiB: Qual foi sua motivação para pesquisar sobre o uso de blogs como recurso auxiliar no processo de ensino/aprendizagem de língua inglesa?
D: Meu interesse está diretamente ligado à minha prática como professora de Língua Inglesa. Percebendo o quanto os alunos se motivam quando inserimos elementos que fazem parte de seu cotidiano, como é o caso da internet, pensei que seria uma pesquisa bastante produtiva.
EiB: Qual foi o objetivo de sua pesquisa?
D: O objetivo deste estudo foi explorar referências sobre a utilização de blogs que pudessem servir como recurso auxiliar no processo de ensino aprendizagem de Língua Inglesa, sua possível influência no desenvolvimento do pensamento autônomo e crítico dos alunos, configurando assim uma experiência ainda mais rica, dentro e fora da sala de aula, além de analisar a sua relação com os conceitos educomunicativos em si.
EiB: Como você escolheu os três blogs analisados, e que aspectos foram avaliados em sua metodologia?

D:
 
Em meio a uma gama de blogs educativos que se propõem a prestar apoio seja a alunos, seja a docentes de Língua Inglesa no Brasil, optei por me concentrar em blogs que eu já havia utilizado em algum momento de minha carreira como professora. Procurei estabelecer como parâmetro os três que, à primeira vista, me parecessem ativos e, em segunda instância, considerei os que não dessem a impressão de serem demasiadamente primários em sua estrutura e conteúdo. Preocupei-me em escolher blogs que possuíssem certa periodicidade em suas atualizações.
EiB: Quais foram os resultados obtidos com a análise dos três blogs?
D: Os resultados evidenciam que o uso do blog como ferramenta pedagógica aponta para uma Educomunicação (interrelação entre Educação e Comunicação) possível e perfeitamente exequível. Com base nos levantamentos realizados e nas propostas de atividades disponibilizadas nos três blogs analisados – English in Brazil, CEL Teachers e SOS Inglês Online, os pontos convergentes entre eles dizem respeito à prática pedagógica no ambiente virtual, à abordagem dos conteúdos, inclusive com presença de transdisciplinaridade no diálogo entre os diferentes saberes, as diferentes culturas, as diferentes teorias, à promoção do desenvolvimento do senso crítico, à socialização do conhecimento, já que as postagens podem ser compartilhadas através de redes sociais e e-mails, à valorização do processo, visto que há um direcionamento sobre como trabalhar o percurso para se chegar ao resultado esperado, à liberdade de autoria, de construção do conhecimento, de cooperação e de criatividade quando propõe o trabalho com projetos, ao fazer brincando e à expressão de ideias. Os resultados concluem que a construção do conhecimento se faz presente no ambiente de um blog educativo, desde que esta seja mediada e que haja liberdade para a dialogicidade.
EiB: Conte-nos sobre sua experiência como usuária de blogs relacionados ao ensino/aprendizagem de inglês.

D: 
No início de meu trabalho como docente, na época em que ainda cursava a faculdade de Letras, me sentia desamparada, pois não sabia direito como deveria conduzir minhas aulas como professora eventual (que substitui os professores efetivos, quando estes precisam faltar) na rede estadual de São Paulo. Via o desinteresse quase palpável no olhar dos alunos das escolas por onde passei e aquilo me incomodava bastante. Me inquietava aquela apatia, e me fazia pensar numa maneira de tornar minhas aulas mais atraentes para aqueles jovens. Queria fazer como que eles enxergassem que a Língua Inglesa estava presente em suas vidas cotidianamente, embora eles não se dessem conta. Queria que se encantassem com a aprendizagem da língua, como eu me encantei. Refletindo, cheguei à conclusão que precisava agregar atividades diversificadas, sair um pouco da mesmice dos livros didáticos e apres
entar-lhes algo mais próximo de sua realidade. Decidi então, buscar atividades na grande rede. Claro que não podia fugir dos assuntos abordados nos livros, mas acabei descobrindo que havia outras maneiras de apresentar o conteúdo a fim de que eles se tornassem mais envolventes. Descobri que, na vastidão da Internet, podemos garimpar e encontrar propostas de atividades, que podem muito bem ser adaptadas para se adequarem às necessidades do conteúdo proposto, de modo a se tornarem mais atrativas aos olhos dos alunos. Por sorte, encontrei blogs de educadoras experientes, que dispõem de seu conhecimento para ajudar os iniciantes na profissão, muitas vezes sem receber nada em troca, (como é o seu caso).
EiB: Na sua opinião, qual a importância do uso de blogs/sites para o ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras?
D: A Língua Inglesa é uma língua formada por muitas outras línguas, e hoje em dia encontra-se no eixo da hibridização formando tantas outras. É principalmente ela que torna possível a comunicação ao redor do mundo, sendo, portanto tida como língua franca da globalização. Uma vez que o objetivo é preparar o aluno para a comunicação para além dos muros da escola, vários linguistas adeptos da abordagem comunicativa sugerem o uso de textos autênticos, os quais possibilitem a recriação de situações reais e de comunicação real. Para tanto, o professor deverá trabalhar utilizando atividades que façam uso interativo/comunicativo da língua em situações reais, exigindo do aluno maior autonomia interacional de estudo e pesquisa. Ou seja, a construção do conhecimento humano – representada no aluno – e seu desenvolvimento, somente se concretizarão de forma significativa a partir do momento que estes envolvam o ambiente social desse aluno, a ponto de fazê-lo deixar de agir como receptor passivo, instigando-o a interagir com os seus pares e com os professores. Deste modo, o aluno estará desenvolvendo sua criticidade, ao mesmo tempo em que é levado a aprender fazendo.
EiB: Como você avalia o uso de tecnologias em sala de aula no Brasil?     
D: As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vêm dominando todos os segmentos de nossa sociedade, inclusive, o ambiente escolar. Elas estão presentes seja na forma de aparelhos celulares, smartphones, iPads, iPods e diversas outras mídias, que os alunos dominam e utilizam de maneira intuitiva. O grande desafio é agregar essas tecnologias a nossas aulas. Em conversas nas salas de professores da rede pública de ensino, ouvi queixas acerca das inúmeras dificuldades quando se trata de inserir as mídias em sua prática cotidiana. Muitos são os entraves que se apresentam, tais como aqueles resultantes de docentes que ainda ignoram a necessidade de se trabalhar de modo a agregar as mídias em sua práxis. Embora esta seja uma questão geradora de polêmica, também por estar muitas vezes ligada – direta ou indiretamente – à predisposição dos sujeitos envolvidos em cada unidade escolar, havemos de considerar que cursos de aperfeiçoamento voltados para a capacitação dos docentes habilitando-os a utilizarem os recursos disponíveis não seria a única necessidade neste momento. Mais do que isso, cabe-nos enfatizar aqui, que, segundo Ismar de Oliveira Soares, professor e coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da USP (NCE), não se trata de, simplesmente, colocar equipamentos de última geração ao alcance dos jovens na escola, e sim de criar ecossistemas comunicativos que viabilizem o desenvolvimento da autonomia necessária para que estes se tornem protagonistas na construção do próprio conhecimento intermediados pelo uso das mídias.
EiB: Muito obrigada pela participação, e parabéns pela excelente pesquisa. Fico contente que o English in Brazil tenha contribuído para a realização de seu trabalho. 
D: Eu é que agradeço a oportunidade de divulgar meu trabalho e também por sua colaboração para a concretização dele.

Defesa na USP (abril/2013)


Divonilde e sua orientadora, Antonia Alves Pereira


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