Entrevista com Leonardo Rosado: um brasileiro no MIT

Escrito por Carina Fragozo
O entrevistado de fevereiro tem apenas 28 anos e já realiza estágio pós-doutoral no MIT (Massachusetts Institute of TechnologyCambridge, USA), atualmente considerada a melhor universidade do mundo (cf. QS ranking). Leonardo Rosado possui graduação em Biologia e mestrado pelo programa de pós-graduação em Medicina e Ciências da Saúde com ênfase em Farmacologia e Bioquímica Molecular pela PUC-RS. Cursou doutorado na mesma universidade e participou como pesquisador visitante no Laboratório de Bioinformática, Modelagem e Simulação de Biossistemas – LABIO PUCRS. Nesta entrevista, Leonardo conta sobre o ingresso no MIT, sobre sua rotina em Boston, sua experiência com a língua inglesa e, ainda, deixa uma mensagem bacana para os estudantes brasileiros que desejam seguir seu exemplo. Boa leitura!

EiB: Como foi o processo de seleção para ingressar no MIT?

LR: A bolsa pela qual estou vinculado pertence a uma chamada de projetos instituídos pelo CNPq. O projeto está vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina tendo como supervisor o Dr. Hernan Terenzi. O projeto já havia sido aprovado e a verba repassada para o Dr. Terenzi, sendo assim, ele realizou a seleção a partir de análise de curriculum e entrevista. Logo após, os meus dados foram repassados ao CNPq e ao orientador responsável na instituição no exterior, no caso deste projeto o MIT. Subsequentemente, ocorreu uma apresentação informal por email e discussão do projeto a ser desenvolvido junto ao pesquisador no MIT (JoAnne Stubbe). Após o aceite do pesquisador no exterior e do CNPq, o projeto pôde ser iniciado, com vigência de 6 meses e extensão para mais 6 meses.

EiB: Quais as diferenças entre os programas de pós-graduação no Brasil e nos EUA?

LR: Os programas de pós-graduação se assemelham muito no meu ponto de vista. Porém, como não estou vinculado como aluno de um programa de pós-graduação, não sei realmente como é a vivência de um aluno, mas pela minha experiência e conversa com colegas que estão vinculados ao programa de doutoramento em química, eu vejo que realmente as exigências são no mesmo nível ou maiores do que nos programas brasileiros. Acredito que, de modo geral, nos EUA eles tentam abranger um campo maior de conhecimento, trazendo assim para o aluno uma visão mais ampla sobre ciência e pesquisa. Uma grande diferença que eu observei está na transição entre pesquisa básica e aplicada. O pesquisador/aluno vinculado a uma grande instituição tem uma maior facilidade em transformar a pesquisa básica em algo prático para a sociedade e isso se deve pelo grande número de empresas interessadas nos projetos desenvolvidos no MIT. As próprias empresas criam eventos para aproximar os alunos e pesquisadores interessados em ingressar na indústria.


EiB: Você recebe algum apoio financeiro para custear seus estudos?


LR: Eu recebo apoio financeiro do CNPq como pós-doutorando no exterior e apoio do MIT no material utilizado na pesquisa.

EiB: Conte-nos sobre sua rotina de estudo.

LR: A minha posição no MIT é de pesquisador, ou seja, eu nao sou formalmente obrigado a participar de aulas. Entretanto, eu posso participar de quantas disciplinas eu quiser. A pesquisa em laboratórios relacionados à Biologia tendem a variar em carga horária, dependendo do tipo de experimento a ser realizado. A minha rotina de estudos está basicamente vinculada a participação em seminários de pesquisa e discussões entre diferentes grupos de pesquisa. 

Leonardo Rosado

EiB: É fácil fazer amigos nos EUA? O que você costuma fazer no seu tempo livre?

LR: Boston, incluindo a região metropolitana, possui a maior comunidade de brasileiros nos USA. Ou seja, fica mais fácil de encontrar brasileiros caso esteja dificil de fazer amigos americanos. Cambridge, onde as grandes universidades ficam situadas (MIT e Harvard), possui uma grande comunidade de estudantes sendo a maior parte de fora dos EUA ou de outros estados. Isso torna o clima mais agradável, facilita a troca de informação e, consequentemente, fazer novas amizades. Fiz amigos tanto brasileiros como de outros lugares do mundo e que tenho certeza que levarei para a
vida toda. Outro ponto extremamente positivo é a comunidade de pesquisadores brasileiros (pub Boston). Esse grupo possui um manual de ajuda para novatos e realiza mensalmente encontros com palestras dentro do MIT, sendo um ótimo ambiente para fazer novas amizades e contatos de trabalho que podem ser valiosos na volta ao Brasil. O meu tempo livre eu ocupo com academia, aulas de boxe, leitura e obviamente fazendo “turismo” pela cidade.

EiB: O inverno em Boston costuma ser muito rigoroso. Como você tem lidado com isso?

Foto by Leonardo
LR: Realmente o inverno de Boston e conhecido por ser um dos mais rigorosos dos EUA. Entretanto, existem roupas especiais para frio e ninguém fica muito tempo na rua quando o clima está muito extremo. Na verdade, o pior “momento climático” que passei aqui foi logo na minha chegada, pois em Porto Alegre estava em torno de 3°C e em Boston estava em torno de 40°C. Boston costuma ter as estações bem definidas, cada uma com as atrações que a natureza pode proporcionar, desde nevascas no inverno a passeios de canoa durante o verão no rio que divide Boston e Cambridge, o Charles River

EiB: Você já era fluente em inglês antes de mudar para os EUA? Passou por algum tipo de dificuldade por causa da língua?

LR: Eu não era fluente, porém já havia feito um ano de aulas no Brasil e participado de congressos onde tive que utilizar o inglês. O inglês hoje em dia é a língua principal quando se fala de ciência em qualquer área, ou seja, para se manter informado e poder ler os artigos que estão sendo publicados o inglês é essencial. Desde que comecei a trabalhar com pesquisa, durante o segundo ano da graduação, eu então comecei a estudar inglês. Eu lembro muito bem o momento em que eu realmente comecei ir mais a fundo na leitura em inglês. Durante uma aula de ecologia, o professor comentou que todo conteúdo da prova estava em um livro, porém, o livro só existia na epoca em inglês. Ou tu poderias estudar pelo livro, ou por resumos. Então decidi comprar um dicionário inglês-portugues e estudar pelo livro. Desde aquele momento não parei mais de ler em inglês. Mesmo quando leio algo fora do tabalho tento sempre buscar algo em inglês para aprimorar meu vocabulário.
O contato diário com o inglês é algo extremamente importante e obviamente o sotaque de cada pessoa acaba dificultando a compreensão da língua. Entretanto, todas as situações em que eu não compreendi algo eu consegui solucionar com “can you repeat, please?” e um pouco de paciência e mímica da pessoa que estava falando.

EiB: Quais são os seus planos profissionais? Você pretende voltar para o Brasil?

LR: O projeto que me trouxe até aqui compreende 1 ano em Boston e 1 ano em Florianópolis. Após esse período eu posso decidir se fico em Florianópolis ou em outro lugar. Entretanto, meus planos são de me firmar em alguma universidade brasileira e conseguir desenvolver os meus projetos de pesquisa. 

EiB: Deixe uma mensagem para os estudantes brasileiros que desejam seguir seu exemplo.

LR: Eu gostaria de dizer algo bem simples e direto. Eu nunca fui um aluno exemplar, mas durante a graduação eu realmente encontrei o campo de pesquisa que me interessava após alguns estágios. O meu recado é para as pessoas sempre buscarem algo que as deixe realizadas, desta maneira o trabalho sempre será mais bem feito e consequentemente o sucesso tende a acompanhar a pessoa. Acredito que fazer um curso simplesmente pelo título é a receita perfeita para a decepção. Faca algo que goste, e caso deixe de gostar, mude.

EiB: Muito obrigada pela participação! O English in Brazil lhe deseja cada vez mais sucesso!


Foto by Leonardo 

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