Sabemos que o inglês é uma língua internacional não apenas porque há um grande número de falantes da língua, mas porque atualmente ela é falada em praticamente todos os países do mundo, em grande parte por falantes não nativos. Hoje em dia, o inglês é a principal língua para a comunicação internacional, o turismo e a publicação de livros.
Apesar de ainda haver poucos falantes fluentes de inglês no Brasil, a língua está presente no país e desempenha diferentes funções. O linguista Braj Kachru divide essas funções em quatro categorias, sendo que três estão presentes no Brasil: instrumental, interpessoal e inovadora.
Função Instrumental
A Função Instrumental diz respeito ao sistema educacional de um país. No Brasil, o ensino de língua estrangeira é obrigatório a partir da quinta série, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (1996), sendo que o ensino do inglês é predominante. Apesar de a população ter a oportunidade de estudar pelo menos 6 anos de inglês na escola, fatores como o grande número de alunos em sala de aula, a heterogeneidade de níveis de proficiência e, muitas vezes, aulas focadas em regras gramaticais, prejudicam o o aprendizado da língua. Há diversos cursos privados de inglês no país mas, como poucos têm condições de pagar por esses cursos, a porcentagem de falantes proficientes de inglês no Brasil ainda é pequena.
Função Interpessoal
A Função Interpessoal pode ser entendida como um símbolo de modernização e elitismo. O inglês é considerado, por muitos brasileiros, como um meio de obter mais oportunidades nos estudos e no trabalho. Além disso, pesquisas como de Thonus (2001) mostram que nomes tipicamente brasileiros vêm dividindo espaço com nomes de origem inglesa, como David e James, e adaptações como Maicom, Wellinton e Diosefer. Segundo a autora, a preferência por nomes de origem inglesa pode estar relacionada ao desejo que os pais têm de que seus filhos sejam “alguém no mundo”.
Função Inovadora
A Função Inovadora refere-se ao uso de empréstimos linguísticos. No Brasil, desde os anos 30 há registros do uso de expressões como “OK”, “bye-bye” e “hello”. Através dos tempos, muitas palavras de origem inglesa foram incorporadas ao vocabulário do português, seja por uma necessidade linguística (ex: impeachment, fitness) ou apenas por “status” (ex: hot dog, credit card, pub, sex symbol) (já falei sobre isso neste post). O uso do inglês em propagandas e nomes de empresas cresce a cada dia. O Linguista Rajagopalan chama nossa atenção para uma propaganda em um famoso jornal de São Paulo: Cool, trendie, descolado, intenso, frenético, insider. O glamour pós-moderno, o culto ao lifestyle. A ideia poderia perfeitamente ser transmitida com palavras do português, mas o inglês é usado como um símbolo de prestígio e para chamar a atenção do leitor.
Em 2011, meus alunos saíram pelas ruas para fotografar banners e outdoors que utilizassem a língua inglesa. Você pode conferir o resultado neste post.
Foto tirada por mim em 2007.
Portanto, pode-se concluir que o Brasil é um país aberto a estrangeirismos e que, apesar de o inglês estar muito presente no país, ainda há poucos falantes fluentes do idioma.
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